Imprimir

Imprimir Artigo

12/04/2022 - 11:07

A corrupção é o tema desta eleição? Não ainda, mas deveria ser

Em um passado recente, tivemos a luta contra a corrupção como pauta principal para a eleição de políticos no Brasil, tanto na esfera federal, quanto na estadual. Após as manifestações de 2013, onde o povo foi às ruas contra o desgoverno em todas as esferas supracitadas, a população clamou mudanças, que refletiram no mais alto cargo executivo do Brasil. O impeachment da Dilma Rousseff em 2016, onde não foi mais tolerado o desgoverno, a roubalheira e a cleptocracia que estava instaurada no país, a corrupção foi a causa da revolta e a consequência do povo nas ruas. Bradamos: CHEGA! Em alto e bom tom. E fomos escutados.

O que nos faltou, digo como coletivo, foi a racionalidade de não confiar em políticos do sistema. Na política partidária brasileira, ou seja, sem candidaturas independentes, estamos reféns dos nomes que os partidos colocam como opção para disputar. E claro, que para proteger este sistema cleptocrata, os nomes que conseguem ascender e disputar o pleito, raramente possuem conduta ilibada.

Não confundam conduta ilibada com ficha limpa, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Ter ficha limpa no país onde quem tem dinheiro e a máquina pública não ser condenado, não é difícil, e os exemplos são muitos, de todos os partidos. Lula, Aécio, Alckmin, Flávio Bolsonaro e até o presidente Bolsonaro. Todos eles apenas “suspeitos” até que o trânsito em julgado seja concluído. Lhes pergunto: Há dúvidas dos ilícitos cometidos por estes? Os processos e denúncias de todos citados acima possuem indícios escancarados de corrupção. Não são julgados por conveniência do judiciário, seja através do foro privilegiado, dos esquemas ou dos conchaves nada republicanos, da vontade do PGR ou do STF. O trânsito em julgado ou até mesmo a denúncia, para eles, jamais acontecerá. Para sempre serão ficha limpa. Mas ser ficha limpa, não significa ser inocente. Ser inocente é quem não comete crime, ser ficha limpa é quem não é preso ou julgado pelo crime. Para os criminosos políticos deste país, ser ficha limpa é muito fácil.

Contra a corrupção, o Brasil elegeu um corrupto: Jair Messias Bolsonaro. E com ele e o pano de fundo de mudança, muitos também entraram, bradando honestidade. Quatro anos estão quase completos e as máscaras caíram. Jair Bolsonaro foi eleito contra a corrupção que há muito se instaurava no país. A maioria de seus votos não foram ideológicos acreditando em seu nome ou em suas propostas, mas sim contra a quadrilha que saqueava os cofres públicos do país desde que foi deflagrado o esquema do Mensalão em 2005.

Na figura de Jair Bolsonaro, muitos brasileiros depositaram a esperança de um país melhor, contra a corrupção, contra o establishment que vigorava. O engano era acreditar que um deputado brasileiro com 26 anos de câmara não tinha esquemas. Se voltássemos no tempo e em 2014 saíssemos às ruas no meio das manifestações dizendo que aquela revolta que demandava nomes novos na política e apoio à operação Lava-Jato, nos resultaria na eleição de um deputado da velha política com quase três décadas de câmara e que o povo acreditaria que um político de carreira neste país é honesto, além de sair da boca dele com orgulho as palavras: “Eu acabei com a Lava-Jato” e o país aceitaria isso passivamente, eu duvido que nós do passado daríamos ouvidos ao que aconteceu. Todos falaríamos que iríamos às ruas no futuro. E poucos cumpriram esta promessa. A maioria aceitou passivamente o inaceitável de outrora. A desconfiança com políticos neste país tem que ser a REGRA, e não a exceção.

Dizer que um deputado com anos de carreira rachou salários de assessores, não deveria ser estranho a nenhum brasileiro, ainda mais com as provas e indícios que se tem do fato ocorrido. Mas Bolsonaro conseguiu manipular tão bem as emoções e esperanças que todo patriota depositou nele, que há fanáticos que desconfiam do óbvio. E há os que ainda temem o retorno da cleptocracia, que está se desenhando para voltar na figura de Lula e relativizam os roubos de Bolsonaro e sua família “só porque no passado se roubou mais”.

Os mesmos que se indignaram com um triplex comprado através de caixa 2 no passado, hoje não fazem nada sobre uma mansão de 6 milhões de reais compradas pelo Flávio Bolsonaro. Os mesmos que diziam aos quatro cantos que não tinham ‘políticos de estimação’ e que queriam TODOS os corruptos na cadeia, hoje fecham os olhos quando o presidente da República indica ministros para o STF e para o PGR para proteger os seus filhos, mesmo que estes mesmos ministros indicados por BOLSONARO votem à favor de LULA em processos que fomos às ruas para defender. Os mesmos que se escandalizaram com o mensalão, aceitaram de bom grado o aumento do teto de gastos e os milhões de reais em emendas parlamentares, que atuaram na câmara como um mensalão legalizado.

Roubo é roubo! Corrupção é corrupção. Não tenham medo do passado, temam o presente e o futuro! O presente hoje é um corrupto rachador de salários, estelionatário eleitoral, prevaricador e negacionista na presidência da República. Mas ao contrário de 2014 e 2018, nesta eleição temos opção de colocar pessoas com moral ilibada. Esqueçam pesquisas, não temam o passado, mas sim o futuro que se aproxima. Há dúvidas que Bolsonaro por mais 4 anos termine de aparelhar de vez o STF para travar os processos de corrupção dos filhos e de si próprio?

Em 2022, também temos pegadinhas. O cenário em que Jair Bolsonaro estava em 2018, hoje se encontra Ciro Gomes. Muitos o acham com moral ilibada. Mas é um político com mais de 30 anos de carreira, com suspeitas de processos, que detém a máquina pública de um Estado inteiro em posse de sua família. Não confundam ficha limpa com moral ilibada. As denúncias estão aí, as provas e indícios, acessíveis para se tomar conclusões. O marqueteiro de campanha contratado por Ciro, João Santana, estava preso por fazer caixa dois na campanha do PT. No ano que Bolsonaro aprovou o maior fundo eleitoral de campanha da história, você confia que ele se reabilitou e não está fazendo mais caixa dois? Não seja cego por opção, desespero ou conveniência.

Nestas eleições, temos um político de 30 anos de carreira, que é Ciro Gomes, falando que é honesto e é contra a corrupção mas olhe suas companhias e sua trajetória política que falam por si só se ele é contra ou a favor de esquemas. Temos Lula e Bolsonaro, o ex-presidente que chefiou o maior esquema de corrupção da história e o futuro ex-presidente que rachou salários, que desviando verbas públicas construiu um patrimônio inexplicável com o filho “vendendo chocolate”. Estaríamos em maus lençóis para escolher dentre as opções acima, mas desta vez, temos uma pessoa concorrendo que é odiada pelos três. Que peitou toda a quadrilha instaurada na Petrobrás sendo um mero juiz de primeira instância, e que quando foi ao governo, não se dobrou por favores e promessas por cargos melhores, preferindo sair e sofrer o assassinato de reputação que está sofrendo agora. Sendo candidato à presidência empurrado pela vontade popular. Até dentro do partido que se filiou para concorrer à tal cargo, há tentativas e negociatas escusas de não o colocar como candidato, deixando o povo novamente sem opção. Sérgio Moro hoje, é a única opção de voto, infelizmente ou felizmente.

Como prometido em 2013, reiterado em 2014, 2015 e 2016. Eu não voto em corrupto e nem em suspeito de corrupção. E no dia que tiverem provas de corrupção sobre o nome de Moro do mesmo jeito que há de Bolsonaro, Lula, Aécio, Alckmin, Ciro Gomes e no PSDB, temos que voltar à estaca zero, construir de novo o combate a corrupção, e não o proteger. Eu não voto em corrupto. E você? Pode dizer o mesmo?

 
 
 Imprimir