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11/02/2021 - 08:38 | Atualizada: 11/02/2021 - 17:10

80ª fase da operação Lava Jato mira empresário investigado por receber pagamento de estaleiro

A Polícia Federal deflagrou nesta manhã (11/2) a Operação PSEUDEIA - 80ª fase da Operação Lava Jato. Cerca de 15 policiais federais cumprem 5 mandados de busca e apreensão no estado de São Paulo, sendo 3 na capital e 2 em Pindamonhangaba. Serão também bloqueados e sequestrados valores até o limite dos prejuízos identificados, até o momento apurados em mais de R$ 5 milhões. As medidas desta fase são decorrentes da continuidade dos trabalhos investigativos da Polícia Federal e Ministério Público Federal no âmbito da OPERAÇÃO LAVA JATO.

Segundo a PF, a operação é um desdobramento da 23ª fase da Lava Jato, que, em 2016, prendeu o marqueteiro João Santana, a esposa dele Mônica Moura e o engenheiro Zwi Skornicki, que era representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels.

Segundo a PF, a investigação comprovou, dentre diversos fatos criminosos, que um representante de estaleiro estrangeiro, além de ter efetuado pagamentos ilícitos no exterior para agentes públicos e marqueteiros políticos, tinha realizado transferências a outros indivíduos até então não identificados. A imprensa apurou que o alvo da operação é o empresário Claudio Augusto Mente.

Um desses indivíduos, que é alvo das medidas cumpridas nesta manhã, celebrou contrato de consultoria ideologicamente falso com o representante de estaleiro estrangeiro, utilizando-se, para tanto, de empresa offshore constituída em paraíso fiscal e de conta no exterior em seu nome. Com isso, foram efetuados, em 2013, pagamentos na ordem de um milhão de dólares para indivíduo até então não qualificado.

Posteriormente, o representante de estaleiro estrangeiro veio a colaborar com as investigações, celebrando acordo com o MPF que permitiu a identificação do indivíduo beneficiário dos valores. Segundo o colaborador, os pagamentos foram feitos a partir de solicitação de vantagem feita pelo tesoureiro do partido político que formava o então Governo Federal. Segundo apurado pela imprensa, trata-se de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT.

Com base em tais informações, a Polícia Federal procedeu à reanálise de materiais apreendidos anteriormente com o colaborador da Justiça, uma vez que já havia sido alvo também da OPERAÇÃO MY WAY (9ª fase ostensiva), tendo-se então confirmada a existência de mensagens que comprovavam o relacionamento entre o investigado e o colaborador. Os vínculos entre os dois e deles com o tesoureiro do partido político também foram reforçados com dados de ligações telefônicas obtidas anteriormente com base em decisão judicial.

Identificou-se também no material apreendido, que teriam ainda ocorrido tratativas no ano de 2014 para pagamento de mais de 600 mil dólares ao investigado, valores que não teriam sido transferidos apenas por ocasião do receio gerado pela deflagração da OPERAÇÃO LAVA JATO.

Na sequência, houve, por parte das Autoridades Suíças, o encaminhamento de informações espontâneas que permitiram identificar que a conta no exterior pela qual o investigado havia recebido um milhão de dólares era controlada formalmente por ele.

Diligências posteriores confirmaram que o investigado ainda possuía outra conta no exterior e que, nos anos de 2014 e 2015, mesmo após a OPERAÇÃO LAVA JATO já ter sido deflagrada, efetuou diversas transferências bancárias no exterior para, através de operações de dólar-cabo, encerrar as contas e internar irregularmente os valores recebidos à margem da lei.

As diligências ainda visam esclarecer os motivos para outras transferências bancárias no exterior identificadas em benefício do investigado, bem como elucidar os motivos pelos quais ele foi favorecido por pedido do tesoureiro do PT e, igualmente, para se apurar e rastrear a destinação dos valores que foram internados irregularmente no Brasil com o uso de doleiros.

A investigação policial recebeu o nome de OPERAÇÃO PSEUDEIA por se referir, no âmbito da mitologia grega, ao espírito da mentira, a qual faz alusão ao nome do investigado e ao emprego de expedientes falsos para justificar os recebimentos de valores no exterior.

O investigado responderá pela prática dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção, dentre outros contra o sistema financeiro nacional.
 
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