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18/12/2020 - 15:14 | Atualizada: 20/12/2020 - 09:41

Cármen Lúcia manda PGR investigar uso da Abin para ajudar defesa de Flávio Bolsonaro

Cármen Lúcia manda PGR investigar uso da Abin para ajudar defesa de Flávio Bolsonaro

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, reagiu às denúncias das revistas Época e  Crusoé, que revelaram a produção de relatórios para orientar os advogados de Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas. Nesta sexta-feira (18) a ministra determinou que a Procuradoria-Geral da República investigue a suposta produção dos relatórios.

Segundo as revistas, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu relatórios com recomendações aos advogados de Flávio, filho do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a ministra, se comprovados, os fatos denunciados configuram “atos penal e administrativamente relevantes como prevaricação, advocacia administrativa, violação de sigilo funcional, crime de responsabilidade e improbidade administrativa”. 

O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou na última terça-feira (15) que pediu informações à Abin informações sobre os supostos relatórios. Para Aras as suspeitas são graves, mas ainda não há elementos que justifiquem uma investigação formal.

Hoje a revista Crusoé revelou que teve acesso a duas mensagens que revelam que as orientações não seguiram os trâmites formais da Abin, mas foi enviada informalmente, por mensagens de WhatsApp, pelo próprio Alexandre Ramagem, diretor-geral do órgão, para Flávio Bolsonaro. 

Segundo a Crusoé, há uma estrutura parela instalada na Abin, comandada pelo agente da polícia federal Marcelo Bormevet. A reportagem cita como fonte servidores concursados, que revelaram o funcionamento dessa organização paralela destinada a "levantar antecedentes " e "montar dossiês" a pedido expresso do governo. Bormevet foi segurança de Jair Bolsonaro durante a campanha em 2018, juntamente com Alexandre Ramagem.

A insistência do presidente Bolsonaro em nomear Ramagem para chefiar a Polícia Federal no Rio de Janeiro foi denunciada pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, que preferiu entregar o cargo a compactuar com a ingerência. 

O STF investiga esta denúncia, hoje sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Também hoje, o presidente do STF, Luiz Fux, pautou para fevereiro de 2021 o julgamento em plenário sobre a forma do depoimento do presidente Bolsonaro. Até o momento apenas o ministro Celso de Mello, ex-relator do inquérito, votou. ele manifestou-se pelo depoimento presencial, já que o presidente é investigado e não testemunha.
 
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