O presidente Jair Bolsonaro reagiu com ameaças e ataques ao Supremo Tribunal Federal após a decisão do ministro Luis Roberto Barroso sobre a instauração da CPI da Covid. O presidente sabe que as investigações vão constatar o óbvio, a responsabilidade decorrente do negacionismo intransigente e obediência aos interesses de Donald Trump em detrimento da saúde dos brasileiros.

Nas redes sociais, Bolsonaro atacou: 

- A CPI que Barroso ordenou instaurar, de forma monocrática, na verdade, é para apurar apenas ações do governo federal.
- Não poderá investigar nenhum governador, que porventura tenha desviado recursos federais do combate à pandemia.
- Barroso se omite ao não determinar ao Senado a instalação de processos de impeachment contra ministro do Supremo, mesmo a pedido de mais de 3 milhões de brasileiros.
- Falta-lhe coragem moral e sobra-lhe imprópria militância política.

Há pouco o STF reagiu e publicou a seguinte nota:

O Supremo Tribunal Federal reitera que os ministros que compõem a Corte tomam decisões conforme a Constituição e as leis e que, dentro do estado democrático de direito, questionamentos a elas devem ser feitos nas vias recursais próprias, contribuindo para que o espírito republicano prevaleça em nosso país.'

É preciso esclarecer que a decisão do ministro Roberto Barroso não dispõe sobre o objeto da CPI, este foi definido pelos senadores e conta com 32 assinaturas. A decisão ministro Barroso se deu em resposta a um mandado de segurança impetrado pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO). Para os senadores, “não cabe ao presidente do Senado qualquer apreciação de mérito sobre o objeto da investigação parlamentar”, mas apenas “fazer cumprir a vontade da minoria, procedendo-se ao exame formal do requerimento”.

Bolsonaro cita os pedidos de impeachment de ministros do STF e desafia Barroso a obrigar o Congresso a abrir processo de impeachment de 'alguns ministros'.

O presidente agora defende a CPI da Lava Toga, que ele mesmo ordenou enterrar.

Plenário virtual
Os ministros do STF entendem que o presidente Jair Bolsonaro 'ultrapassou limites' ao criticar a decisão de Luis Roberto Barroso. Como a decisão foi em sede de liminar, os demais ministros agora estão focados em votar o mérito no plenário virtual. A tendência é que referendem a liminar e repudiem ataques do Executivo.