O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro foi entrevistado neste sábado por José Nêumanne. Moro discorreu sobre o combate à corrupção, disse que o presidente Jair Bolsonaro precisa retomar os compromissos de campanha se desejar se reeleger, sobretudo o compromisso de combate à corrupção.

Perguntado como reage à esperança de milhares de brasileiros que esperam que dispute a Presidência da República em 2022, Sergio Moro jogou água na fervura.

- Isso é um pouco de fantasia, de ilusão... desde a época da Lava Jato, isso já me prejudicou como juiz, e depois como ministro igualmente, uma das razões foram essas especulações que acabaram gerando animosidades internas... eu particularmente, hoje, estou preocupado em me inserir no setor privado.

Sair do país

Sergio Moro não confirmou, mas também não negou se passará uma temporada fora do país. Sobre a reportagem de Mônica Bergamo, que afirma que a família do ex-ministro o estaria pressionando para deixar o país, respondeu que não foi ouvido. "Eu sou um cidadão privado, eu não preciso ficar dando satisfação do que eu vou fazer, ou do que não vou fazer, então nem me preocupei em rebater. Se quiserem pensar que eu estou com medo, se quiserem pensar que eu quero sair do país por conta disso, e tal, etc., as pessoas pensem o que quiserem. Agora, assim, eu não passei 22 anos da magistratura com casos envolvendo gangues, organizações criminosas e a própria Lava Jato porque eu sou uma pessoa com medo, não, a gente enfrentou todos esses problemas não tenho medo nenhum agora, não".

Interdeferência na PF

Sobre a denúncia de tentativa do presidente Bolsonaro influenciar politicamente na Polícia Federal, Sergio Moro sugeriu que os parlamentares votem projeto estabelecendo mandato para Diretor da Polícia Federal, garanrindo que ele só sairá do cargo por má conduta ou insuficiência manifesta de desempenho a ser apurado por uma comissão técnica. 

Futuro

Citando um discurso de Winston Churchill após derrota em uma batalha no Egito, em que menciona que "isso não é o fim e a gente não sabe se é o começo do fim, ou fim do começo'.

"Acho que a gente está um pouco nesta situação hoje, não sabe o que esta movimentação anti-institucional significa. Ou numa perspectiva mais ampla essa luta pelas instituições, que compreendem a própria Lava Jato, se isso não faz parte de um processo civilizatório maior, e nós estamos dentro de um momento de revés, pra retomar essa esperança no futuro". 

Encerrando, Moro assinalou que há muitas pessoas boas no país. "Tem muita gente boa no país, o país é muito mais forte do que qualquer um de nós. Eu particularmente tenho esperanças, embora o momento é um pouco complicado".