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Indígenas de MT negam responsabilidade por incêndios no Pantanal

01/10/2020 - 21:44 | Atualizada em 01/10/2020 - 21:54

Redação

Representante da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso, Eliane Xunakalo destacou, na Câmara dos Deputados, que os povos indígenas não são responsáveis pelos incêndios no Pantanal. Ela participou, nesta quinta-feira (1), de debate na comissão externa que acompanha o enfrentamento das queimadas no Brasil.

Eliane ressaltou que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) fez o alerta sobre a possibilidade de incêndios, e que poderia ter havido investimento e planejamento prévio por parte dos governos estadual e federal para evitar o alastramento do fogo.

“Precisamos de mais brigadas nas áreas indígenas”, pediu. Conforme ela, agora é necessário pensar em políticas pós-incêndio. “Precisamos que os povos indígenas sejam ouvidos e precisamos que as políticas cheguem a esses povos de fato.”

Ela pediu ainda que os povos sejam lembrados na discussão do orçamento e ressaltou que há problemas de assistência médica e abastecimento de água, por exemplo.

“Empecilho ao desenvolvimento”
“A devastação ambiental, a queimada não foram praticadas pelos índios. O presidente da República planejou esta mentira para jogar a culpa nos povos indígenas”, criticou Valdevino Gonçalves Cardoso, da etnia Terena, em referência a discurso de Jair Bolsonaro na Organização das Nações Unidas (ONU).

Valdevino acredita que a destruição dos povos indígenas “é arquitetada no gabinete presidencial” e que a estrutura do governo está sendo utilizada para isso.

Na visão dele, os indígenas são considerados pelo governo como empecilho para o desenvolvimento. “Nós não somos contra o desenvolvimento”, disse. “É possível produzir em harmonia com a natureza, sem matar um pássaro, uma onça ou derrubar uma árvores”, completou. Ele acrescentou que alguns incêndios são claramente criminosos.

Falta de água
Representante do Sindicato dos Servidores Públicos de Barão de Melgaço, Alex Catarino também alertou para a falta de água que afeta o povo pantaneiro. Ele observou que, como as secas devem continuar afetando os povos no futuro, é preciso pensar soluções para o problema.

“Deveria ser aproveitado o momento para se fazer trabalho de engenharia, para aprofundar lagoas que secaram, para que, no período de chuva que vem pela frente, pudessem armazenar mais água, para ser usada no futuro para combater os fogos de incêndio”, exemplificou.

Manejo do fogo
O professor Danilo Ribeiro, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, acrescentou que as políticas não devem focar no combate ao uso do fogo, mas no manejo do uso do fogo – utilizado tradicionalmente pelos povos indígenas para cozinha, caça e manejo das paisagens, por exemplo.

Segundo ele, o fogo bem usado é muito diferente dos incêndios que ocorrem agora. Ele sugeriu a expansão da atuação das brigadas para todo o ano e o aumento do financiamento para pesquisas sobre melhores estratégias de manejo do fogo. O deputado Dr. Leonardo (Solidariedade-MT) apoiou as sugestões.

(Com informações da Agência Câmara de Notícias)
 

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