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A Campanha eleitoral tem centenas de ‘Bolsonaros’, ‘Lulas’ e ‘Moros’

28/09/2020 - 13:19 | Atualizada em 28/09/2020 - 13:27

Redação

Toda eleição acontece o mesmo fato, uma grande parce de candidatos adotam nomes de lideranças políticas e até mesmo de personagens floclóricos. Com certeza em Mato Grosso  não será diferente.

Até a noite deste domingo (27), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tinha registrado 523 mil candidatos em todo o país, número por enquanto 9% maior que o de 2016. Entre os que vão disputar a preferência dos eleitores, estão aqueles que decidiram adotar o nome de lideranças políticas conhecidas, estratégia que, segundo especialistas, não garante vitória nas urnas.

De acordo com levantamento do Portal G1, até agora,  82 candidatos a vereador e 2 a prefeito adotaram “Bolsonaro” como sobrenome. Entre eles, existe até um “Jair Bolsonaro”, candidato a vereador da pequena Laranjal do Jari, cidade com apenas 39 mil habitantes no interior do Amapá. Também há um candidato pelo PSL no município de Brusque, em Santa Catarina, que adotou o codinome “Donald Trump Bolsonaro”.

O ex-presidente Lula também aparece entre os candidatos em cidades brasileiras. Pelo menos 24 competidores adotarão nas urnas o nome “Lula”. Entre nome único e sobrenome, “Lula” é utilizado no total por 76 postulantes ao cargo de vereador em todo país e por 2 candidatos a prefeito.

O nome do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro também foi lembrado por quatro candidatos que adotarão “Moro” nas urnas.

Recorde de mulheres

Os 523 mil pedidos de registro de candidatura computados até o momento para as eleições municipais de novembro já representam um recorde no número total de candidatos, de postulantes do sexo feminino e, pela primeira vez na história, uma maioria autodeclarada negra (preta ou parda) em relação aos que se identificam como brancos.

O crescimentos de negros e mulheres na disputa às prefeituras e Câmaras Municipais tem como pano de fundo o estabelecimento das cotas de gênero a partir dos anos 90 e as mais recentes cotas de distribuição da verba de campanha e da propaganda eleitoral, decisões essas tomadas pelos tribunais superiores em 2018, no caso das mulheres, e em 2020, no caso dos negros.

A cota eleitoral racial ainda depende de confirmação pelo plenário do STF (Supremo Tribunal Federal), o que deve ocorrer nesta semana.

Pela raça

Em relação à maior presença de negros, especialistas falam também no impacto do aumento de pessoas que se reconhecem como pretas e pardas após ações de combate ao racismo.

Apesar de o prazo de registro de candidatos ter se encerrado neste sábado (26), o Tribunal Superior eleitoral informou que um residual de registros feitos de forma presencial ainda levará alguns dias para ser absorvido pelo sistema.

Além disso, candidatos que não tiveram seu nome inscrito pelos partidos têm até quinta-feira (1º) para fazê-lo, mas isso normalmente diz respeito a um percentual ínfimo de concorrentes.

Os 523 mil pedidos computados até agora já representam 45 mil a mais do total de 2016 e cerca de 80% do que o tribunal espera receber este ano, com base nas convenções partidárias -cerca de 645 mil postulantes.

Até o final da manhã deste domingo (27), o percentual de candidatas mulheres era de 34%, 176 mil concorrentes.

Nas últimas três eleições, esse índice não passou de 32%. Pelas regras atuais, os partidos devem reservar ao menos 30% das vagas de candidatos e da verba pública de campanha para elas.

Em 2018, a Folha de S.Paulo revelou em diversas reportagens que partidos, entre eles o PSL, lançaram candidatas laranjas com o intuito de simular o cumprimento da exigência, mas acabaram desviando os recursos para candidatos homens.

No caso dos negros, o TSE decidiu instituir a partir de 2022 a divisão equânime das verbas de campanha e da propaganda eleitoral entre candidatos negros e brancos.

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, porém, determinou a aplicação imediata da medida. Sua decisão, que é liminar, está sendo analisada pelo plenário da corte, com tendência de confirmação.

Até a manhã deste domingo, os autodeclarados pretos e pardos somavam 51% dos candidatos (263 mil) contra 48% dos brancos (248 mil). Entre os negros, 208 mil se declaravam pardos e 55 mil, pretos.

O TSE passou a perguntar a cor dos candidatos a partir de 2014. Nas três eleições ocorridas até agora, os brancos sempre foram superiores aos negros, ocupando mais de 50% das vagas de candidatos, apesar de pretos e pardos serem maioria na população brasileira (56%).

Embora o TSE não tenha registrado cor ou raça dos candidatos nos pleitos anteriores, é muitíssimo improvável ter havido eleição anterior com maioria de candidatos negros.

Assim como no recenseamento da população feita pelo IBGE, os candidatos devem declarar a cor ou raça com base em cinco identificações: preta, parda (que formam a população negra do país), branca, amarela ou indígena.

A Folha mostrou nesta sexta-feira (24) que ao menos 21 mil candidatos de todo o país que disputarão as eleições deste ano mudaram a declaração de cor e raça que deram em 2016, conforme registros disponibilizados até a quinta-feira (23) pela Justiça Eleitoral.

A maior parte das mudanças -36% do total- foi da cor branca para parda. O movimento contrário vem na sequência, com 30% das alterações de pardo para branco.

Apesar da possibilidade de fraude, especialistas falam no impacto do aumento de pessoas que se reconhecem como pretas e pardas após ações de combate ao racismo.

A decisão de adoção imediata das cotas raciais colocou em posições opostas os núcleos afros dos partidos políticos, favoráveis à decisão, e os dirigentes das siglas, majoritariamente brancos, que em reunião nesta semana com o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, chegaram a dizer ser inexequível o cumprimento da medida ainda neste ano.

Também há receio de fraudes em relação às candidaturas negras. E há de se ressaltar que, assim como a cota feminina não resultou até agora em uma presença nos postos de comando de Executivo e Legislativo de mulheres na proporção que elas representam da população, a cota racial também não é garantia, por si só, de que haverá expressivo aumento da participação de negros na política, hoje relegados a pequenas fatias de poder, principalmente nos cargos mais importantes. As informações são da Banda B com G1 e Folha.

 

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