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Um Banestado na vida pregressa do Luciano Hang

26/09/2020 - 07:05 | Atualizada em 26/09/2020 - 07:08

Redação

O empresário Luciano Hang, dono da rede Havan, começou a vida como tecelão de uma indústria têxtil de Brusque (SC), sua terra natal. Depois virou gerente e, com talento para negócios, fundou seu próprio comércio dando-lhe o nome de Havan – união das iniciais do sobrenome Hang com o prenome do sócio Vanderlei Limas, com quem rompeu após denunciá-lo à polícia de desviar mercadorias. Daí para se envolver no caso Banestado foi um pulo.

A denúncia contra o sócio nunca foi comprovada, segundo uma curiosa biografia sobre o empresário publicado pela revista piauí e reproduzida na íntegra pela Folha de S. Paulo.

Segundo a revista, entre processos movidos pelo Ministério Público e Receita Federal e condenações pela Justiça por sonegação e falsificação de documentos, a Havan foi crescendo sem parar nos últimos 30 anos. As duas lojas inaugurais de Brusque e em Curitiba se multiplicaram; hoje já são quase 150 em quase todos os estados brasileiros. E Hang é, atualmente, a 10.ª maior fortuna entre os brasileiros, com uma fortuna estimada em mais de R$ 20 bilhões segundo a Revista Forbes.

A carreira empresarial do excêntrico Luciano Hang – só se veste de verde-amarelo e defende posições bolsonaristas com veemência – tem uma passagem pouco conhecida e que o vincula a um processo que se tornou conhecido como Caso Banestado – um mega esquema de lavagem e transferência de dinheiro para paraísos fiscais. A piauí conta essa história numa reportagem intitulada O Patriota e assinada pelo jornalista Roberto Kaz:

Em 2007, Hang voltou a ser condenado por sonegação, desta vez com pena de dois anos e seis meses em regime aberto, por ter usado seu primo, Nilton Hang, hoje sócio da Havan, para fazer remessas ilegais ao exterior.

O esquema era assim: Nilton depositava nas contas de dois laranjas – Marcos Irineu de Souza e Valdete Pereira dos Santos – que, por sua vez, remetiam os valores para contas no Paraguai. Em dois dias de 1997, por exemplo, depositou para os laranjas cheques que variavam de 31 mil a 50 mil reais (nessa época, ele tinha um salário de 1,5 mil reais mensais).

“Todos os cheques emitidos por ele foram preenchidos à máquina de escrever, prática inusual na movimentação da conta corrente de pessoa física”, dizia a acusação do MP. O caso ficou sete anos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), até que prescreveu em 2015.

Em 2008, Hang teve uma terceira condenação, bem mais pesada: foi sentenciado a treze anos e nove meses de prisão por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Nesse caso, usava uma agência do antigo Banestado, o banco estadual do Paraná, para enviar dinheiro não declarado ao Uruguai, de onde os valores eram repassados para contas-fantasma nos Estados Unidos.

O processo subiu para a segunda instância, onde a pena foi reduzida para dez anos e dez meses. Depois disso, ficou mais cinco anos no STJ, até prescrever, em 2016. Assim como num processo anterior, de sonegação, Hang não precisou cumprir a pena a que fora condenado.

Foi salvo por sua banca de advogados, que incluía o criminalista Nabor Bulhões e o ex-ministro da Justiça do governo Lula, Marcio Thomaz Bastos.

[…]

Em 2016, Hang começou a deixar a discrição de lado, forçado pelas fake news espalhadas, ironicamente, inclusive por militantes da direita e do antipetismo. Gravou uma série de vídeos publicitários para desmentir os boatos, então em voga, segundo os quais a Havan pertencia: 1) “ao filho do Lula”; 2) “à filha da Dilma”; ou 3) “ao bispo Macedo”. No vídeo, veiculado na televisão, Hang explicava, em tom amistoso: “De quem é a Havan? A Havan é minha, é sua, é da família, é do Brasil.”

No ano seguinte, quando inaugurou a centésima loja, no Acre, seu tom já havia subido uma oitava. “Quando vejo alguém falando mal da Havan, normalmente é petista”, declarou, em entrevista ao Diário Catarinense. “Eu não comungo com a ideologia deles, soltei foguete quando o Lula foi condenado.”

 

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