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Um borra-botas no poder

11/04/2020 - 08:58 | Atualizada em 11/04/2020 - 09:09

Magno Martins

Quando um chefe de Estado perde o respeito pela Imprensa, perde o País, a sociedade, o poder e as instituições. Ao debochar, ontem, mais uma vez, dos jornalistas que cobrem as atividade do Planalto em Brasília, informando que tinha ido ao hospital fazer um teste de gravidez quando recaia nele, mais uma vez, dúvidas em relação à contaminação pelo Covid-19, o presidente debochou da sua própria Pátria.

A Imprensa é o quarto poder, queira ele ou não. Se não sabe, até porque parece que não é dado a leitura da mesma forma que Lula, a Imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixar cicatrizes no cérebro dele, que parece ser povoado de cocô de galinha. Aparentemente, a Imprensa tem má-vontade com ele, ultrapassa os limites éticos, mas isso não significa que os jornalistas inteiros devam receber uma sentença de morte por causa disso.

Para aguçar a mente doentil dele, a Karl Marx, que disse que a Imprensa livre é o olhar onipotente do povo, a confiança personalizada do povo nele mesmo, o vínculo articulado que une o indivíduo ao Estado e ao mundo, a cultura incorporada que transforma lutas materiais em lutas intelectuais, e idealiza suas formas brutas. As nações prosperam ou decaem simultaneamente com a Imprensa, dependendo de quem as lideram. No caso do Brasil, com Bolsonaro, caminha mais para decadência.

Vale, também, para ele, a reprodução de uma frase antológica de Rui Barbosa: “A imprensa é a vista da Nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela
pelo que lhe interessa, e se acautela do que ameaça.”

Para ele, enfim, o genial Nelson Rodrigues: “Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de 'ilustre', de 'insigne', de 'formidável', qualquer borra-botas.'

Bolsonaro é um borra-botas.

Ação de débil – Num total desrespeito a um País que agoniza com o coronavirus, tendopassado de mil mortos e 20 mil casos, o borra-botas andou novamente, ontem, por áreascomerciais e residenciais de Brasília, apesar de orientações das autoridades sanitárias de que apopulação mantenha o isolamento social, em decorrência da pandemia de coronavírus. Opresidente primeiro foi ao Hospital das Forças Armadas (HFA), depois a uma farmácia no setorSudoeste e, por fim, a um prédio residencial, na mesma região.Na farmácia e no prédio, apoiadores se juntaram para ver o presidente, também contrariando a orientação de se evitarem aglomerações.

Magno Martins, Jornalista de Pernambuco

 

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