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Procuradora venezuelana aborreceu-se com o monstro que ajudou a criar?

06/08/2017 - 16:56 | Atualizada em 06/08/2017 - 17:04

Percival Puggina

Interessante o caso de Luisa Ortega, ex-procuradora-geral da Venezuela. Chavista de carteirinha, 'bolivariana' dos quatro costados, vale dizer, revolucionária e marxista, apoiou o desastre em curso no seu país e, certamente, respingou lágrimas no caixão de Hugo Chávez.

Sob seus olhos foram caindo as liberdades democráticas; da janela de seu gabinete contemplou a inevitável degradação social causada pela estatização da economia; a seus ouvidos chegavam as notícias sobre a doutrinação nas salas de aula. Em toda parte de sua Caracas se estabeleceu o culto da personalidade, os louvores à 'Revolución', as bravatas histriônicas de Hugo Chávez e a mitificação típica dos regimes totalitários. Para ela, estava tudo muito bem.

A tudo viu e serviu. Agora, dá uma de Mercedes Sosa. Lembram dela, ao romper com Fidel Castro após a execução 'de los três negritos' em 2003? Com aquela voz maravilhosa, por mais de 40 anos, Mercedes cantou a revolução enquanto o pau comia solto nas ruas de Havana, as cadeias se enchiam de presos políticos e o paredón de La Cabaña se descascava a balazos. De repente, aborreceu-se... Assim, também, Luisa Ortega.

Ontem, 5 de julho, enquanto a revolução dava mais um passo na instalação da farsa constituinte de Maduro, a sede de sua procuradoria-geral foi cercada pelas tropas da Guarda Nacional e ela apelou ... para o Twitter, exibindo imagens do abuso. Quando os venezuelanos enchiam as redes sociais exibindo a degradação política, social e econômica de seu país, onde andavam ela e sua Constituição Bolivariana de bolso?

A ex-procuradora-geral, destituída ontem pela 'constituinte', faz lembrar a frase final da formiga para a cigarra: 'Então, cantavas? Dança, agora.'

*Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 

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