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Frederico Campos: ?Prefiro morrer com a verdade do que viver com a mentira'

29/02/2016 - 12:33

Cícero Henrique

Só de vida pública foram 60 anos, iniciada em 1952 quando veio trabalhar como engenheiro no governo de Pedro Pedrossian. Em 1965 como prefeito de Cuiabá substituindo Vicente Vuolo. Depois foi trabalhar em Cubatão(SP). Retornou para ser secretário no governo de Garcia Neto. Foi nomeado primeiro governador de Mato Grosso após a divisão do Estado, no período entre 1979 a 1983. Sempe pautou pela honestidade. Deixou o governo com as mãos limpas. É sabido que preferia estornar ao governo federal recursos que não tinham aplicação justificada por planos administrativos para não permitir que fossem desviados para o ralo da corrupção. Em 1988 foi eleito prefeito de Cuiabá. No trato com o erário público não fez mais que a obrigação. Simplesmente fez aquilo que a maioria deveria fazer, mas não faz.

Ao ser perguntado sobre a roubalheira e os desmandos ocorridos em Mato Grosso e no Brasil, foi taxativo ao dizer que como homem público aprendeu com seus pais o valor da honestidade. “Essa foi minha sina. Hoje tenho cerca de 5 processos com acusações a título de erros administrativos, já que não poderiam ser de corrupção. Processos todos de origem político-partidário”, explicou.

Segundo o ex-governador, os processos foram movidos pelo Partido dos Trabalhadores em 1992, durante seu último ano de mandato como prefeito de Cuiabá. Aliás, os processos, por Lei, já deveriam estar prescritos por decurso de prazo, embora o principal seja relativo a uma acusação de despesas do município com pagamento de passagens a terceiros em 1992. O Tribunal de Contas do Estado aprovou as contas da prefeitura.

“Não bastasse isso, a Justiça confiscou terras que não são minhas, bloqueou rendimento da caderneta de Poupança da minha falecida esposa, Ivone Campos, misera importância de direito dos herdeiros, que faleceu há 16 anos”, desabafou. Com emoção na voz, Campos afirma que a Justiça confiscou os rendimentos possíveis de ações judicial contra a seguradora do carro de seu neto falecido num acidente. “O bloqueio do salário de governador por 7 meses chegou ao ponto de não poder comprar comida. Felizmente essa ação foi suspensa pelo STF”, disse.

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Questionado sobre política, respondeu: 'Não tenho poder de gerir, não devo interferir, embora possa sugerir', registrando mais uma frase sábia entre muitas do ex-governador. Destacou que sempre respeitou as alianças políticas sem comprometer a estrutura financeira do município e do Estado, o que muitas vezes não ocorre hoje.

Frederico Campos deixou clara sua indignação com as obras do VLT. Para ele, esta obra ainda vai dar muita dor de cabeça. “Tecnicamente o VLT não está projetado com estudos de viabilidade econômica, custos e de engenharia. Aliás, também alguns viadutos, como o da Universidade Federal de Mato Grosso, que termina em cima de uma avenida. Provavelmente fora do plano de execução no eixo Coxipó, prevalecendo apenas o aeroporto e CPA. Infelizmente Cuiabá foi vitima do plano da Copa do Mundo com as obras que recebeu”, salientou.

Sobre a Gestão do governador Pedro Taques(PSDB), diz respeitar sua inteligência, capacidade na condução dos serviços públicos e sua honestidade.

Criação de partidos

“Sou de opinião que a má administração política resulta na criação de dezenas de partidos com lideranças locais que, na hora de uma eleição estadual ou federal, são reunidos para compor as chapas dos candidatos majoritários, resultando nessa solução absurda de se criarem dezenas de secretarias e ministérios, onerando absurdamente o orçamento- veja o que acontece hoje com o Brasil no governo do PT”, assinalou.

Para Frederico Campos, são estes problemas sérios que precisam ser corrigidos para as próximas eleições. 'É preciso proibir os acordos que permitem que os partidos pequenos façam alianças para as eleições locais, como de vereador. Devemos proibir coligações partidárias. Vencerá aquele que tem capacidade moral e técnica para dirigir o governo. Acredito que Pedro Taques poderá chegar lá. As coligações partidárias são o desespero dos líderes, é uma imundicie', afirmou.

Político vivido, experiente, com muita sabedoria no pensar e nas colocações das palavras, Frederico Campos enfatiza: “Ser honesto não é favor, é obrigação. Ele tem que ser praticado, foi o que aprendi com meus pais”. O ex-governador também fez uma rápida avaliação política pontuando que algumas pessoas ficam mascarando suas atitudes. “Há pessoas ruins que querem aparecer, na administração pública tem que ter normas de caráter único', disse.

Dante de Oliveira

Questionado sobre lideranças políticas em Mato Grosso, Frederico Campos foi enfático ao elogiar o ex-governador Dante de Oliveira. “A liderança de Dante não era de idiota, mas sim de importância ao seu partido e ao estado de Mato Grosso. Dante fazia oposição educada, inteligente e sem ofensas. Ele era vibrante. Hoje faz falta um Dante de Oliveira. Na política precisa ter respeito”.

Para encerrar a entrevista, resumiu: 'A política tem muita vaidade. A história tem lances dirigidos por pessoas em etapas'.

 

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